Importantes considerações antes de tomar a decisão.
Quando
pensamos em uma ninhada de cães logo imaginamos aquele monte de filhotinhos um
mais lindo que o outro. Todos brincando e correndo para todo lado enchendo a
casa de alegria. Ainda tudo se torna mais lindo quando estes filhotes vieram do
cruzamento de nossos mais amados amigos, os nossos próprios cães! A
vontade de se ter uma continuidade, ou complemento, do seu bichinho de
estimação, leva inúmeras pessoas a procurarem o acasalamento dos mesmos na
busca de descendentes semelhantes. Porém nesse momento de alegria nos
esquecemos de diversos detalhes muito importantes e necessários quando se é
realizado um cruzamento.
A
principal ideia que deve ter é que quando se produz uma ninhada, estará dando
vida a um ou a doze filhotes que se tornarão cachorros adultos e precisam de
lares para não chegarem ao seu fim de vida nas ruas. Então vem a grande ilusão
da venda dos filhotes. Isto é realmente uma ilusão quando não se tem um canil
regularizado e cria-se com certa experiência. Não se consegue nem dar filhotes
de graça facilmente, o que dirá vendê-los. Ainda mais quando se cruzam cães de
raças diferentes ou cães com problemas genéticos (outro tópico que comentaremos).
Por isso, mesmo quando se quer um herdeiro para o seu lar, terá que pensar nos
seus outros dois ou dez irmãozinhos que não poderão desfrutar dos mesmos
cuidados que será dado a ele.
Outro
tópico importante é, que tipo de cães estará gerando para o mundo. Será que estou
produzindo cães que serão futuramente agressivos e atacarão uma criança? Será que
serão cães que terão problemas genéticos e ficarão cegos logo cedo, ou terão
que fazer cirurgias para conseguirem andar normalmente? Existe um número
inimaginável de doenças que passam de geração para geração, que devem ser levadas
em consideração na hora de um acasalamento. Grandes criadores com larga
experiência se preocupam muito com isso e evitam ao máximo que seus filhotes
adquiram tais enfermidades. Isso é feito através de uma série de exames pertinentes
a cada raça. Quando não se sabe a origem exata do animal, no caso de mestiços
ou animais sem raça definida, o perigo se torna ainda maior uma vez que não
sabemos por onde procurar tais enfermidades.
“Mas
tudo bem. Já fiz todos os exames no meu cãozinho, sei que ele não tem nada destas
doenças e além do mais ele veio de um canil renomado que me deu todas as
garantias de saúde!” Então vai começar a pensar em todo o processo da gestação.
Primeiramente deve tomar uma série de cuidados com a mãe antes mesmo dela
emprenhar. Ela deve ser vacinada e vermifugada, a fim de dar a luz a filhotes
com uma melhor imunidade e com menor chance de adquirir uma verminose mais
forte. Feito isso um médico veterinário deve acompanhar o período fértil para
auxiliar na definição do momento exato para a cobertura ter maior sucesso.
“Bom
agora a minha cachorra já acasalou e deve estar esperando filhotes.” Todo cuidado
agora é pouco. A fêmea gestante deve ter uma dieta balanceada e uma rotina sem
muito estresse. Passado o primeiro mês após o acasalamento deve-se realizar um
exame ultrassonográfico para se confirmar a prenhez, determinar uma média do
numero de filhotes e ter uma estimativa do dia do parto. Neste momento o número
de filhotes é muito importante para se programar um parto normal ou uma cesárea.
Nessas horas deve pensar em todos os riscos de vida que sua querida cachorrinha
está correndo somente porque você queria um filhotinho dela. Uma cachorra,
pequena ou grande, com um número excessivo de filhotes é uma forte candidata a
cesárea, assim como cadelas com apenas um ou dois filhotes. Feito tudo isso,
realizamos uma radiografia aos 55 dias de gestação para confirmar este numero
de filhotes e saber o que esperar na hora do parto. Outro momento muito
importante é a hora do parto! Você deve ter um bom auxilio de um médico
veterinário que te explicará cada passo que vai ocorrer e o que deve esperar,
assim como quando procurá-lo no caso de acontecer algo fora do planejamento.
Tudo
correu bem e os filhotes nasceram todos fortes e perfeitos. Agora temos todo o
processo de criação destes filhotes para que todos se desenvolvam corretamente
e você não perca alguns pelo meio do caminho. Neste momento a amamentação é
essencial, e muitas cadelas não suprem a necessidade de todos os filhotes, ou
até mesmo não tem paciência e acabam abandonando seus rebentos. Entra então em
ação a sua boa vontade e paciência de amamentar e cuidar destes pequenos como
se fosse a mãe deles. Isso inclui dar mamadeiras a cada duas horas e estimular
a defecação e micção a cada mamada, em todos os filhotes.
Passado
por isso tudo você terá filhotes saudáveis e fortes brincando pela sua casa.
Eles devem receber todos os cuidados que seus animais de estimação receberam
como vermífugos, preventivos de pulgas e carrapatos e vacinas pertinentes até
completarem seus 60 dias de idade, quando, aí sim, podem ir para seus novos
lares.
Devemos
lembrar aqui que os cães não possuem, em seu psicológico, determinadas vontades
que nós seres humanos possuímos. Uma cachorrinha não vai ficar deprimida se ela
não tiver nenhum filhote, nunca ficar grávida, por toda a sua vida, ou o seu
cachorrinho não vai ficar afeminado ou ansioso se nunca cruzar com uma
cadelinha. Esses sentimentos e definições são coisas de nossas cabeças e não
deles. Por isso pense bem na sua decisão e pondere tudo o que leu acima.
Se
mesmo assim ainda quiser ter uma ninhada de seu amiginho, procure um médico
veterinário e peça que ele te passe todas as instruções necessárias para que
este acontecimento seja uma grande alegria na sua casa e não um grande
tormento!!!!
Boa
sorte!